28 de dezembro de 2021, Edda Zamora

Educação a distância em tempos de pandemia

A educação a distância em tempos de pandemia apresenta vários desafios teóricos e metodológicos. A educação a distância nesses tempos também está caminhando para a construção de um novo eixo socioeducativo.

Por: Dr. Luis Guanipa Este artigo apresenta uma visão geral para aprofundar a discussão sobre esse importante tópico. Os processos comunicativos evoluíram da linguagem articulada para a abertura da era da informação e da comunicação, o que levou à modificação de vários contextos, incluindo a educação, uma vez que a Internet pública trouxe consigo processos de busca mais rápidos, mecanismos e procedimentos de informação; no entanto, hoje o que se busca é ir além por meio de uma “Gestão do Conhecimento”, onde são geradas reflexões de informações e a troca desnacionalizada de conhecimento é cumprida (Guanipa, 2019). Vale ressaltar que, nesse contexto de transformação perene, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) não foram criadas inicialmente para o desenvolvimento educacional; Mas é inegável que, paralelamente ao seu desenvolvimento, um novo paradigma de ensino e aprendizagem surgiu em tempo hábil, começando com o uso das TIC como reforço à educação presencial, depois com a educação mista (presencial e virtual), favorecendo a flexibilidade de que alguns sistemas de educação formal necessitavam e tornando-se, assim, uma importante proposta de inovação e inclusão até chegar à educação a distância, na qual, como afirmam Malagón, et al. (2019), tornou-se um ponto de referência ao estruturar programas ou universidades com essa abordagem “A Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED) na Espanha, a Fernuniversität Hagen na Alemanha, a Open University no Reino Unido, a Universidade Aberta em Portugal, entre outras em nível europeu” (p. 26). Por outro lado, há também a experiência dos Estados Unidos, onde houve um notável crescimento no número de instituições de ensino privadas e estatais que oferecem programas de graduação, pós-graduação e educação continuada, destacando-se as Universidades de Berkeley, Michigan e Flórida, no âmbito privado a Harvard University, a Western Governors University (WGU) e a Phoenix University, que é considerada a maior universidade de educação a distância do país (Malagon, et al, 2019).
Vale ressaltar em relação à educação a distância como uma modalidade de educação que não determina em si um corpo único de conhecimentos, metodologias, procedimentos; mas sim, que inclui em si particularidades do contexto em que se desenvolve, como destaca Villalonga (2015) ao conceituá-la como: O uso de técnicas pedagógicas específicas, recursos e meios de comunicação para facilitar o aprendizado e o ensino entre alunos e professores separados pelo tempo ou pela distância. As técnicas, os recursos e os meios de comunicação dependem de fatores como: matéria, necessidades e contexto do aluno, competência e experiência do professor, objetivos de instrução, tecnologias disponíveis e capacidade institucional (p. 5). Nesse sentido, devido ao sucesso dessa modalidade na educação, sua inserção foi promovida na maioria das universidades localizadas em países desenvolvidos, uma vez que a tecnologia e os processos de treinamento estão articulados, enquanto nos países em desenvolvimento há universidades em processo de atualização dos recursos tecnológicos, humanos, econômicos e de infraestrutura. Esse é o caso das universidades do México, Costa Rica, Colômbia, El Salvador, Paraguai, Equador, Venezuela, Panamá, Argentina e Porto Rico, que aprovaram marcos legais que autorizam as universidades a administrar programas de graduação e pós-graduação 100% virtuais.
É importante observar que esses processos de aprendizagem a distância são desenvolvidos principalmente sob as seguintes teorias: aprendizagem colaborativa, que se baseia em diferentes pressupostos epistemológicos e tem sua origem no construtivismo social, que capta a essência dos fundamentos filosóficos da aprendizagem colaborativa. A aprendizagem colaborativa ocorre quando alunos e professores trabalham juntos para criar conhecimento; ou seja, ela pressupõe que as pessoas criam significado juntas e que o processo as enriquece e faz crescer. Em vez de pressupor que o conhecimento existe em algum lugar na realidade “externa” e está esperando para ser descoberto por meio do esforço humano, a aprendizagem colaborativa, em sua definição mais rigorosa, pressupõe que o conhecimento é produzido socialmente por consenso entre colegas com conhecimento, levando em conta que o conhecimento é algo que as pessoas constroem conversando e concordando umas com as outras. Deve-se observar que a aprendizagem colaborativa tem o objetivo de evitar que os alunos se tornem dependentes do professor como autoridade no conteúdo da disciplina ou nos processos do grupo; portanto, não é responsabilidade do professor supervisionar a aprendizagem em grupo, mas sim tornar-se, junto com os alunos, membro de uma comunidade que busca conhecimento (Barkley et al, 2007). (Barkley et al, 2007). Por outro lado, há a aprendizagem significativa, que surge quando o aluno, como construtor de seu próprio conhecimento, relaciona os conceitos a serem aprendidos e lhes dá significado a partir da estrutura conceitual que ele já possui. O aprendizado é construído ao relacionar novos conceitos a conceitos existentes e outros ao relacionar novos conceitos a experiências existentes.
Portanto, para que a Aprendizagem Significativa se desenvolva, duas condições básicas devem ser atendidas: “A disposição do sujeito de aprender de forma significativa e que o material a ser aprendido seja potencialmente significativo, ou seja, que possa ser relacionado às suas estruturas de conhecimento” (Roman e Diez, 1990, p. 74). O construtivismo, cuja base é anterior à psicologia moderna e pode ser rastreada até o movimento intelectual que surgiu na Grécia no século V a.C., conhecido como sofística, não pode ser ignorado. Os sofistas reverteram a concepção geocêntrica, que prevalecia até então, para uma concepção antropocêntrica, na qual o homem, a sociedade e a educação são revelados como importantes e dignos de estudo. Fuenmayor e Orellana (2002) afirmam que Protágoras (480-410 a.C.) e Giorgias (380 a.C.) foram considerados os principais representantes desse movimento intelectual, o que nos leva às abordagens atuais do construtivismo radical. É o homem que determina a existência das coisas, elas são porque o homem as conhece, se ele não as conhece, elas não são, nas palavras do construtivismo radical, não há realidade independente do observador. Atualmente, a posição construtivista é alimentada por várias correntes, como a abordagem psicogenética piagetiana, a teoria dos esquemas cognitivos, a teoria ausubeliana da assimilação e da aprendizagem significativa e a psicologia sociocultural vygotskiana, entre outras. É por isso que o processo de construção da aprendizagem depende de dois aspectos fundamentais: do conhecimento prévio da nova informação e da atividade externa ou interna que o aluno realiza a esse respeito. Pelas razões acima, deve-se ter em mente que essa teoria equipara o aprendizado à criação de significados a partir de experiências. Para ser bem-sucedido e duradouro, o aprendizado deve incluir os três fatores cruciais a seguir: Atividade (exercício), conceito (conhecimento) e cultura (contexto).
Além disso, existe o que é conhecido como aprendizado síncrono, que é o aprendizado fornecido e recebido ao mesmo tempo; esse aprendizado em salas de aula virtuais e combinadas ocorre no que é chamado de “tempo real”. Tempo real é quando todos os participantes de uma atividade se envolvem nessa atividade ao mesmo tempo, independentemente de sua localização, exigindo, portanto, que os alunos assistam a uma aula virtual durante a qual todos os participantes devem se conectar ao mesmo tempo, essa aula é um ensino síncrono ministrado em tempo real (Cabero et al., 2004, pp. 30-31). Não se pode deixar de lado o ensino assíncrono, que não depende do tempo real; nesse caso, os alunos podem interagir sem estar em tempo real por meio de uma aula gravada para outro dia, fórum de discussão e fazer suas contribuições, pois não é necessário que os participantes estejam conectados ao mesmo tempo para concluir suas tarefas (Cabero et al., 2004, pp. 30-31). A relação entre as teorias e os conceitos mencionados acima pode ser resumida no infográfico a seguir, formando um complexo pentateórico, conforme mostrado abaixo:
Figura N° 1 Complexo pentateórico.                Observação: Infográfico das teorias e conceitos com suas características relacionadas à educação a distância.
No infográfico é levado em conta que uma das características da aprendizagem colaborativa é que ela tem como origem o construtivismo social e a outra é a construção do conhecimento em conjunto, por outro lado são as características do construtivismo do qual surgem três aspectos como são: atividade (exercício), conceito (conhecimento) e cultura (contexto), além disso, a aprendizagem significativa tem como característica a relação de novos conceitos com os conceitos e experiências que já possui, não podemos ignorar o ensino síncrono que é aquele que é realizado em “tempo real” e o ensino assíncrono que não é realizado em tempo real. Nessas teorias há um complexus, pois uma das características do construtivismo é o conceito (conhecimento), enquanto na aprendizagem colaborativa busca-se a construção do “conhecimento”, que nesse caso também é conhecimento, mas para que esse conhecimento seja desenvolvido na aprendizagem colaborativa, assim como no construtivismo, as atividades devem ser realizadas levando em conta o contexto, a única diferença é que na aprendizagem colaborativa, a aprendizagem é desenvolvida como um todo; Quanto à aprendizagem significativa, ela se caracteriza pela relação entre os novos conceitos, que é o conhecimento do construtivismo, e o conhecimento da aprendizagem colaborativa com os conceitos e experiências já possuídos – que nada mais é do que o contexto do construtivismo -, podendo-se, então, evidenciar a recursividade dessas teorias, que, por sua vez, se relacionam ao ensinar a Educação a Distância de forma síncrona e assíncrona, utilizando ferramentas de comunicação digital, plataformas e redes sociais, onde se pode dizer que esse complexo pentateórico ocorre de forma complexa por meio de princípios hologramáticos, dialógicos e recursivos, gerando então os infográficos a seguir:
Figura N°2 Infográfico da Educação a Distância à luz da Realidade Socioeducacional.           Observação: o infográfico mostra a integração do complexo pentateórico com ferramentas digitais, redes sociais e plataformas para o desenvolvimento da educação a distância.
No lado esquerdo do Infográfico da Educação a Distância à luz da Realidade Socioeducacional, pode-se ver como no construtivismo, na aprendizagem colaborativa e significativa há pontos de encontro como o conhecimento, o conceito ou o saber, conforme explicado nas linhas anteriores, além disso, há também uma relação em termos de cultura, Além disso, há também uma relação em termos de cultura, contexto ou experiência, e não podemos ignorar as atividades ou exercícios que, por sua vez, estão relacionados ao ensino de Educação a Distância de forma síncrona (em tempo real) e assíncrona (em qualquer horário acordado) por meio de ferramentas de comunicação digital, plataformas e redes sociais que estão no lado direito do infográfico. Em várias instituições do mundo onde a educação era presencial ou bimodal, quando começou o isolamento social devido à pandemia da COVID-19, foi necessário implementar integralmente ferramentas para o desenvolvimento de aulas a distância que seriam cem por cento virtuais a partir daquele momento, dentro dessas estratégias que surgiram de acordo com a realidade socioeducacional que estava sendo gerenciada, Essas estratégias surgiram de acordo com a realidade socioeducacional que estava sendo gerenciada, ferramentas digitais que eram dominadas pelos professores e, dependendo da conectividade que os professores e os participantes tinham, os processos eram geralmente assíncronos e muito raramente síncronos, uma vez que nem todos tinham conectividade permanente em suas casas e os cyber – locais onde o serviço de Internet era fornecido – estavam fechados devido ao isolamento social causado pela pandemia. Em virtude disso, podemos ver no lado direito do infográfico as plataformas que foram mais utilizadas, como Moodle, classroom, Google Meet e youtube, para o desenvolvimento das atividades (materiais, vídeos, tarefas, tutoriais, comentários, avaliações) e, no caso do youtube, os professores fizeram tutoriais que foram carregados em seus canais para que os participantes pudessem acessá-los por meio do Classroom, blog ou WhatsApp, a fim de expandir os canais de comunicação entre o professor e os alunos, a vantagem dessas ferramentas é que elas foram usadas de maneira assíncrona. Quanto às redes sociais, uma das mais utilizadas foi o WhatsApp, onde o processo de comunicação fluía com mais facilidade, pois, por meio de grupos, o professor podia comunicar informações, fazer fórum de bate-papo e enviar vídeos ou tutoriais para ajudar no processo educacional, a vantagem dessa ferramenta é que geralmente é usada de forma assíncrona; por outro lado, redes sociais como Hangouts, Zoom e Google Meet foram usadas para desenvolver (videoconferências, apresentações, fórum de vídeo). As ferramentas de comunicação digital também foram usadas na forma de blogs (links, vídeos e comentários) e o Educaplay foi usado pelos professores para desenvolver (testes, mapas, jogos com autoavaliação). É importante observar que, por meio de entrevistas com professores e alunos, eles expressaram que, por meio de ferramentas de comunicação digital, plataformas e redes sociais, puderam adquirir conhecimento de maneira adequada e consideram que isso ajudará a mudar a cultura presencial, que tanto os professores quanto os alunos não precisam ter a despesa de viajar para as instituições e, conforme declarado pela UNESCO, “as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) devem ser usadas para fortalecer os sistemas educacionais, a disseminação do conhecimento, o acesso à informação, a aprendizagem eficaz e de qualidade e uma prestação de serviço mais eficiente” (UNESCO, 2015, p. 7).
Referência bibliográfica Barkley, E., Cross, P. y Howell, C. (2007) Técnicas de aprendizaje colaborativo. Madrid: Ediciones MORATA, S. L. Cabero, J., Llorente, M. y Román, P. (2004) Las Herramientas de la comunicación en el “Aprendizaje Mezclado”.  Revista Pixel-Bit. Revista de Medios y Educación, N° 023, 27-41. https://idus.us.es/bitstream/handle/11441/22780/09e4150d0ad1a010d5000000.pdf?sequence=1&isAllowed=y Fuenmayor,  M.   y  Orellana,  R.  (2002).  El    Constructivismo  en   Educación.   Barinas, Venezuela:   Universidad    Nacional    Experimental    de     los    Llanos    Occidentales Ezequiel  Zamora. Guanipa, L. (2019) Onto-epitemia de la realidad socioeducativa a la luz de la gestión del conocimiento en el contexto universitario venezolano. Área de Estudios de postgrado de la Universidad de Carabobo. Venezuela. Malagón, L. Rodríguez, L. y Ñanez, J. (2019) Prácticas Pedagógicas y Educación a Distancia. Colombia: Universidad de Tolima. Roman,    M. y Diez, E   (1990).   Currículo   y   Aprendizaje.   (2a.ed.).   Madrid,   España: Gráficas Monterreina, S.A. UNESCO (2015) Educación 2030 Declaración de Incheon Hacía una educación inclusiva y equitativa de calidad y un aprendizaje a lo largo de la vida para todos. Editorial: Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura. Villalonga, A. (2015) La educación superior a distancia. Modelos, retos y oportunidades. La Habana, Cuba: Oficina de la UNESCO.
 Sobre el Autor: Doctor en Educación, Luis Guanipa Doctor en Educación (Universidad de Carabobo), Doctor en Innovaciones Educativas (Universidad Nacional Experimental de la Fuerzas Armadas), Doctor en Educación (Universidad del Sur), Magíster en Investigación Educativa (Universidad de Carabobo), Licenciado en Educación Comercial (Universidad de Carabobo).
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