Publicada originalmente em El Universal (Colômbia) Formar professores na Colômbia não é uma tarefa fácil, mas formá-los nas regiões é um verdadeiro desafio, devido às dificuldades no acesso às instituições de ensino superior, conectividade e tudo relacionado aos custos acadêmicos. Por isso, a Universidade ISEP está trabalhando em vários frentes para ajudar a mitigar esse problema no país. Um dos enfoques mais importantes dessa instituição educacional é atender às dificuldades infantis de aprendizagem, já que os professores são a primeira linha de atenção nesses casos. Esses profissionais têm contato com os estudantes durante a maior parte do dia e podem realizar uma observação direta dos menores enquanto desenvolvem seus processos cognitivos. Nesse sentido, é importante que os professores tenham uma formação complementar que lhes permita conhecer ferramentas para a avaliação e intervenção psicopedagógica, assim como elementos de atenção à diversidade. Isso não significa que o professor deixe de cumprir sua função de ensinar ou que desempenhe tarefas de um psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo ou neuropsicólogo. No entanto, nas regiões onde o professor e as famílias não têm o respaldo das equipes de apoio terapêutico disponíveis nas grandes cidades, é necessário criar mais cenários de aprendizagem que dotem o professor de elementos conceituais e metodológicos que lhe permitam realizar uma abordagem inicial e desenvolver competências para ser um orientador das famílias que necessitam de informação e acompanhamento. “Nenhum psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, neuropsicólogo ou outro profissional que intervenha em problemas de aprendizagem tem a oportunidade de detalhar tão de perto o comportamento e o rendimento cognitivo de uma criança durante o processo de ensino-aprendizagem como poderia fazer um professor”, afirmou Jessica Arévalo, Diretora de Neuroaplicar. Diante desse cenário, a Universidade ISEP do México, que possui uma ampla formação 100% online, disponibilizou aos professores da Colômbia um portfólio de mestrados na área de educação. Um deles é focado na intervenção em problemas de aprendizagem e o outro nos aspectos próprios da educação especial, com ênfase na inclusão e na interculturalidade.
Qual é a dificuldade de aprendizagem mais comum? Na Colômbia, e em geral no mundo todo, a dificuldade de aprendizagem mais prevalente é a dislexia, já que alguns dados sugerem que entre 5% e 17% da população de crianças em idade escolar sofrem dessa dificuldade. Somente no país, aproximadamente 15% das crianças sofrem deste transtorno de aprendizagem, que consiste em uma dificuldade para ler com fluência, com erros e dificuldades na compreensão, causada por problemas de decodificação fonológica que levam a uma leitura lenta. “Devido ao fato de que a leitura é uma habilidade de aprendizagem necessária para apropriar uma grande quantidade de conhecimento, é urgente dar prioridade à intervenção desta situação a partir da psicopedagogia”, sublinhou Liliana Castañeda, diretora da Associação Colombiana de Neurociências ACOLNE, que acrescentou que “ler, escrever e fazer operações matemáticas são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer tipo de competência”. Para a ISEP, a formação de professores em habilidades que possam facilitar o manejo dessas dificuldades, principalmente daqueles docentes que se encontram nas regiões afastadas das grandes capitais, pode contribuir positivamente para abordar o tema, que pode afetar 10% dos estudantes, e, de quebra, melhorar a educação na Colômbia. É importante mencionar que, segundo a Grande Pesquisa Integrada de Domínios de 2019, no país há 920.436 professores e professoras, portanto, ao conseguir formá-los nessas habilidades, pode haver um efeito cascata na melhoria de competências básicas, pensamento crítico, habilidades comunicativas e análise de dados.
