O que é a comunicação? A comunicação é um processo complexo e ativo que supõe codificar, transmitir e decodificar uma mensagem, desde diferentes formas de expressão. Esse processo requer certos elementos. É necessário um emissor, que é a pessoa que transmite a mensagem; assim como um receptor, que recebe e interpreta a mensagem; a própria mensagem, que é a informação que se dá; um código, que se refere ao conjunto de signos, que formando uma linguagem ajudam a decodificar a mensagem; e um canal, que é o meio através do qual a mensagem é transmitida
Linguagem vs. fala Por sua vez, a linguagem verbal é apenas um componente da comunicação, mas talvez o mais significativo e eficaz para o ser humano (Reyzabal, 2001). A linguagem é um sistema de códigos, uma ferramenta de comunicação oral, um meio de comunicação através de um sistema de símbolos. Cada língua é composta por signos próprios, e as formas linguísticas destes se decompõem em unidades significativas, chamadas lexemas, que podem ser analisadas em unidades menores que não são significativas e são denominadas fonemas. Enquanto isso, a fala é simplesmente a execução da linguagem. Na verdade, a linguagem é um meio de comunicação exclusivo do ser humano. Além disso, Halliday (1982) menciona que tem diversas funções. Algumas são a instrumental, como um meio para que as coisas sejam realizadas; reguladora, que serve como um elemento de controle; interativa, que serve para se relacionar; entre outras.
Evolução do estudo da linguagem A linguagem tem sido um tema de estudo há anos, e a sua análise tem mudado com o tempo e a perspectiva de cada autor. Por exemplo, Skinner pensa que a linguagem é determinada pelas condições ambientais, e estas possibilitam os mecanismos responsáveis pelo processo. Por outro lado, Piaget menciona que o desenvolvimento da linguagem é um subproduto do desenvolvimento de outras capacidades cognitivas. No entanto, Brunner comenta que são necessários os mecanismos inatos da linguagem, mas também são imprescindíveis os suportes e ajudas oferecidos pelo adulto na interação com as crianças.
Aquisição da linguagem Todas as crianças nascem com potencialidades genéticas para um desenvolvimento correto da comunicação verbal. No entanto, como propõe Brunner, a interação com os adultos é também um pré-requisito para a implementação da linguagem. Diz-se que o momento de máxima aquisição da linguagem é por volta dos cinco anos. Cabe destacar que, para adquirir e desenvolver a linguagem, é necessário aprender a combinar fonemas, palavras e frases em sequências compreensíveis, bem como conhecer e compartilhar significados elaborados socioculturalmente. Da mesma forma, são necessários componentes neurofisiológicos, como a audição, que permite ouvir o que nos é dito, o cérebro e o córtex cerebral para decodificar o que se ouve e dar ordens aos órgãos fonatórios para produzir uma resposta, e, claro, os órgãos fonoarticulatórios que permitem a produção sonora da linguagem.
Desenvolver a linguagem Owen (2003) menciona que a aprendizagem da linguagem é um processo que envolve o processamento linguístico, bem como estratégias de ensino por parte dos adultos e de aprendizagem por parte das crianças. Os infantes passam por etapas de desenvolvimento nas quais vão adquirindo novas habilidades, entre elas as linguísticas. A primeira fase não pode ser chamada de linguagem propriamente dita, mas sim de comunicação, pois simplesmente coloca em ação os mecanismos que dão início à linguagem. Por isso, é denominada fase pré-linguística e abrange desde o nascimento até os 18-24 meses. Durante esse período, ocorrem as primeiras manifestações bucais, relacionadas com sensações e estados fisiológicos, realmente sem intenção, mas os pais encontram um sentido para elas. É importante mencionar que o choro e os gritos exigem uma coordenação da respiração, que prepara as crianças para emitir sons posteriormente. Com o balbucio, a criança aprende movimentos e exercita o cérebro para a aquisição da fala, controlando seu sistema respiratório. Em segunda instância, encontra-se a fase linguística (por volta dos 2 aos 7 anos), que é o início da produção das primeiras palavras. Pouco a pouco o léxico vai aumentando e as crianças são capazes de combinar de 3 a 4 elementos para formar uma oração.
Estratégias de aprendizagem Claro, desde idades muito precoces, as crianças possuem estratégias de aprendizagem, mas geralmente não estão conscientes disso. Especificamente, utilizam duas ferramentas básicas de aprendizagem: a imitação e o jogo. Para elas, a imitação é um recurso para praticar e dominar novas habilidades, é uma aprendizagem por cópia, e de forma indireta. Por sua vez, o jogo favorece seu desenvolvimento e as motiva, pois encontram sentido no que fazem. Devido à sua capacidade de imitação, os adultos de referência (pais e educadores) devem considerar como falar com a criança em idade infantil. Algumas das situações que podem ser evitadas são as seguintes: usar diminutivos e uma linguagem infantilizada, é melhor usar uma linguagem clara e adulta (evitando expressões sofisticadas ou muito rebuscadas), mas utilizando pausas adequadas, frases curtas e claras, falando de frente e a uma distância curta; interromper ou antecipar a resposta, é melhor dar à criança a oportunidade de se expressar (mesmo que não se entenda muito do que ela diz); realizar correções diretas quando disser alguma palavra errada, é melhor corrigir de maneira sutil. (Como falar com a criança: Guia de atenção precoce (3-6 anos) para pais e educadores, 2006).
Estratégias de estimulação da linguagem É primordial notar que, se o objetivo é estimular a linguagem, isso deve ser feito de acordo com as características de cada etapa em que a criança se encontra, além das particularidades de cada criança. No entanto, algumas recomendações gerais com as quais se pode trabalhar são: As praxias (movimentos voluntários de lábios, língua e rosto para estimular os órgãos de articulação e assim favorecer uma boa pronúncia e prevenir dificuldades de articulação em crianças hipotônicas). O sopro (que ajuda a controlar a respiração e a estar consciente do ato de respirar enquanto se fala). As histórias e canções (recursos didáticos para desenvolver mais de uma área de conhecimento, principalmente a expressão e compreensão oral, o vocabulário, a memória auditiva, etc.).