As neurotrofinas ou fatores neurotróficos são uma família de proteínas formada pelo fator de crescimento nervoso (NGF), o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), a neurotrofina-1 (NT-1), a neurotrofina-3 (NT-3) e a neurotrofina-4 (NT-4). Elas são liberadas na corrente sanguínea e são capazes de se ligar a receptores de determinadas células para estimular sua sobrevivência, crescimento ou diferenciação. Uma de suas funções é impedir que os neurônios alvo iniciem a apoptose, permitindo assim que os neurônios sobrevivam. O que é o BDNF? Mark Tuszynski, da Universidade da Califórnia, demonstrou que um dos fatores integrados nessa família de proteínas, conhecido como BDNF, evitava a morte neuronal em modelos de lesões cerebrais em primatas e ratos, e também a disfunção cognitiva nos mesmos animais de idade avançada. O BDNF é considerado importante para a memória de longo prazo (Insua, 2003). Uma forma de aumentar as neurotrofinas cerebrais é fazer o cérebro trabalhar para fabricar maiores quantidades dessas substâncias. Quanto mais ativas estiverem as células do cérebro, mais neurotrofinas produzirão, o que gerará mais conexões entre as diferentes áreas do cérebro. A consequência será um cérebro com melhor funcionamento, uma memória melhor e um estado de ânimo melhor (Insua, 2003). A maior parte das atividades diárias consiste em uma série de rotinas que fazem o cérebro funcionar automaticamente, com um mínimo de desgaste e energia. As atividades rotineiras são inconscientes, as experiências passam pelas mesmas estradas neuronais já formadas e não há produção de neurotrofinas. É importante fazer o cérebro “correr” com ações novas e diferentes. A formação como o Mestrado em Neuropsicologia Clínica da Universidade ISEP ampliará suas perspectivas de avaliação, diagnóstico e intervenção nas diferentes patologias clínicas que cursam com a afetação do Sistema Nervoso Central e alterações e/ou deterioração dos processos cognitivos e comportamentais. Para Iván Izquierdo, prestigiado neurocientista argentino, a melhor recomendação é ler, ler e ler, pois a leitura ativa todas as regiões do córtex cerebral (Insua, 2003). Por outro lado, a atividade física é um recurso eficaz para aumentar os níveis de neurotrofinas. De fato, emergiu como um modulador das funções mentais superiores ao longo da vida, pois demonstrou afetar vários sistemas de neurotransmissores. Especificamente, o BDNF é um mediador chave na melhoria das conexões sinápticas e na capacidade do cérebro de mudar e remodelar essas conexões (plasticidade), dependente do uso. Exercícios Neurotróficos Em experimentos com ratos, observou-se que, após vários dias correndo voluntariamente em uma roda, pelo menos 1-2 km por dia, os níveis de BDNF aumentaram nas células do hipocampo, uma estrutura altamente plástica associada às funções cognitivas superiores, mais do que com a atividade motora. As mudanças nos níveis desse fator foram encontradas em neurônios, particularmente no giro denteado, no hilus e na região CA3 do hipocampo. Essas mudanças apareceram em poucos dias, tanto em ratos machos quanto fêmeas, e foram sustentadas ao longo do tempo, após várias semanas de exercício, com um aumento consequente das quantidades de proteína BDNF. Além dos níveis aumentados de BDNF no hipocampo, também foram encontrados na medula espinhal lombar, no cerebelo e no córtex. Por outro lado, encontrou-se uma correlação positiva entre a distância média corrida por dia e o aumento do BDNF no hipocampo. Embora outros fatores tróficos, incluindo o NGF e o FGF-2, também sejam induzidos no hipocampo em resposta ao exercício, seu aumento foi transitório e menos sustentado do que o provocado sobre a expressão do BDNF, sugerindo que este último é um melhor candidato como mediador dos benefícios a longo prazo provocados pelo exercício no cérebro. Pesquisas em humanos sugerem que o exercício pode manter ou melhorar a plasticidade cerebral. Aprender, uma função superior que requer alta plasticidade, incrementa a expressão do gene do BDNF, que, por sua vez, facilita o aprendizado. Essas evidências preveem que mecanismos que induzem a expressão gênica do BDNF, como o exercício, podem melhorar o aprendizado. Além disso, correr aumenta um mecanismo relacionado à memória chamado potenciação a longo prazo (LTP) no giro denteado e melhora o aprendizado espacial em testes com labirintos de água em ratos. Para incrementar a produção de neurotrofinas e ampliar a plasticidade cerebral, o Centro de Neurobiologia do Duke University Medical Center (EUA) propõe uma série de exercícios simples que você poderá transferir para seus pacientes com a formação obtida no mestrado em neuropsicologia: Tentar tomar banho de olhos fechados: localizar as torneiras, ajustar a temperatura da água, procurar o sabonete e encontrar o shampoo. Usar a mão não dominante para comer, escrever, abrir a pasta de dente ou escovar os dentes. Ler em voz alta para ativar outros circuitos cerebrais que quando se lê em silêncio. Mudar os itinerários e tomar diferentes caminhos para ir ao trabalho ou voltar para casa. Modificar as rotinas e mudar a localização dos objetos de uso cotidiano. Aprender algo novo: informática, fotografia, culinária, yoga, dança ou um idioma. Identificar objetos sem olhar. Por exemplo, reconhecer diferentes frutas ou vegetais pelo tato. Fazer coisas diferentes. Sair, conversar com pessoas de diferentes idades, trabalhos e ideologias. Usar as escadas em vez do elevador. Sair para o campo, caminhar na praia, na montanha, escalar, etc.