Estudos recentes demonstraram que os efeitos do exercício são diferentes na memória. Quanto mais cedo se começar a se exercitar, melhores serão os resultados. Conhecer o cérebro ajuda os profissionais da educação a melhorar as ferramentas de aprendizagem e, a cada dia, surgem novos programas formativos interdisciplinares no campo da neuroeducação. O que é a neuroeducação? A neuroeducação é uma disciplina que combina conhecimentos das neurociências com a educação para melhorar os processos de ensino e aprendizagem. Efeitos de fazer esporte na memória Um estudo realizado por Van Dongen, Kersten, Wagner, Morris e Fernández (2016) avaliou os efeitos de uma única sessão de exercício físico na consolidação da memória e na memória de longo prazo após o aprendizado. Na pesquisa, participaram 72 indivíduos que aprenderam 90 associações entre imagens e localizações durante 40 minutos antes de serem aleatoriamente designados a um de três grupos: um fez exercício imediatamente, o segundo quatro horas mais tarde e o terceiro não realizou exercício algum (Revista de Neurología, 2016). O exercício físico consistiu em 35 minutos de treinamento intervalado em bicicleta a uma intensidade de até 80% da frequência cardíaca máxima. Após 48 horas, os participantes do estudo retornaram para demonstrar o que lembravam enquanto eram submetidos a uma ressonância magnética cerebral (Revista de Neurología, 2016). Os pesquisadores descobriram que aqueles que faziam exercício quatro horas após a sessão de aprendizado retinham melhor a informação dois dias mais tarde do que aqueles que faziam exercício imediatamente ou que permaneciam sedentários. Além disso, as imagens cerebrais mostraram que o exercício após um período de tempo se associava a representações mais precisas no hipocampo, uma área relevante para o aprendizado e a memória (Revista de Neurología, 2016). A partir desses resultados, os pesquisadores concluíram que o exercício físico otimiza a capacidade de memória, especialmente se essa atividade for realizada em um intervalo de tempo específico e não imediatamente após o aprendizado (Revista de Neurología, 2016). Essas investigações são a base dos novos programas de neuroeducação para docentes. Em outra pesquisa publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences (2012) verificou-se que o exercício físico aeróbico praticado regularmente aumenta a memória e a capacidade de aprendizado, pois permite a liberação de hormônios que melhoram a memória. As hormonas chamadas “fatores de crescimento” são liberadas ao realizar exercício e foram diretamente vinculadas à saúde cerebral. O hipocampo, uma região do cérebro crucial para o aprendizado e a memória, acredita-se que se beneficie diretamente desse tipo de hormônio. Por sua vez, o Dr. Bruce Spiegelman da Escola de Medicina de Harvard (2013) informou que uma molécula e seu subproduto aumentavam seus níveis no cérebro através do exercício de resistência. Spiegelman e sua equipe descobriram que elevar os níveis do subproduto na circulação ativava os genes implicados na cognição. Neuroeducação: A relação do exercício e o aprendizado A partir dessas e outras pesquisas, concluiu-se que o exercício melhora o aprendizado em três níveis: Otimiza nossa forma de pensar, ao melhorar o estado de alerta, a atenção e a motivação. O aprendizado prepara e estimula as células nervosas para que se unam umas às outras, que é a base celular para o aprendizado de novas informações. Por último, o exercício incentiva o desenvolvimento de novas células nervosas a partir de células-tronco no hipocampo, uma área do cérebro relacionada com a memória e o aprendizado. Por esta razão, é altamente recomendável que o exercício físico faça parte do sistema educacional atual. Graças à pesquisa e à formação de docentes em neuroeducação, a forma de ensinar e aprender está em plena mudança, oferecendo novas ferramentas para otimizar as capacidades individuais de cada criança e melhorando o sistema de aprendizado.