O que é a ansiedade? A ansiedade, quando aparece e permanece, tem um efeito nocivo em nosso organismo. Sentir ansiedade é normal, mas se ela for muito intensa, frequente, duradoura e interferir nas atividades do dia a dia, estaremos diante de um problema de saúde mental associado a níveis substanciais de incapacidade. Quando se tem um ataque de ansiedade ou pânico, experimenta-se uma realidade assustadora. Nesses momentos, o medo toma conta de nossa mente, aparece uma barreira que nos impede de pensar, sentir com clareza e gerenciar a realidade. O sofrimento e a angústia assumem o controle, dirigindo nossos pensamentos, sensações e ações. Os transtornos de ansiedade e os transtornos do humor são os que mais limitam a autonomia do indivíduo que os sofre, dificultando seu funcionamento, pois ele fica preso em um ciclo onde a luta contra a ansiedade se torna o verdadeiro problema.
Como a ansiedade nos afeta? A ansiedade tem um impacto considerável no bem-estar pessoal, nas relações sociais e na produtividade laboral. Sua alta prevalência e seu curso recorrente podem transformá-la em uma doença incapacitante. Descobrir o porquê é útil para o profissional em termos de análise funcional e como explicação ao paciente. O problema surge quando o paciente fica preso em uma luta interminável onde o “porquê” só traz um passado angustiante e um futuro ansioso. É mais útil estudar como funciona o sistema perceptivo-reativo da pessoa frente à realidade. O que importa é o aqui e agora. Às vezes, são as soluções tentadas que alimentam o problema. A evitação, a não aceitação e a inação seriam, entre outras, os princípios de um modelo de patologia: a inflexibilidade psicológica. A necessidade de regular o mal-estar de modo imediato faz com que as ações estejam direcionadas ao escape e à evitação do mal-estar, sem nos darmos conta de que, ao final, a sensação de prazer a curto prazo se transforma em uma sensação a longo prazo de falta de controle. Aceitação aberta, sem fatalismos e sem resignação, com clarificação e escolha de valores que deem espaço às ações que conectem com nosso presente, com o vivido no momento. Não saberemos enfrentar e superar nossos medos se sempre os estamos bloqueando.
Terapia para enfrentar o medo e a ansiedade Marchar pela vida inclui tropeços, medos, cansaço, erros, possíveis perdas ao longo do caminho, etc. Na terapia, não se eliminam obstáculos, se ensina a caminhar entre eles. Mais do que lutar para eliminar os conteúdos dos pensamentos, a pessoa poderá viver com eles de acordo com o valor que lhes atribui. É fazer um espaço para a ansiedade e aprender a viver com ela. Aprende-se a viver em alerta, focalizando toda nossa atenção nos sintomas, tornando-os mais intensos, frequentes e duradouros. Eles nos assustam, queremos que desapareçam e esquecemos do essencial: por trás de cada sintoma há um problema que devemos enfrentar. Ficar ruminando sobre o que nos acontece interfere e contribui para manter o problema. O importante para nos sentirmos bem é aceitar viver no presente; o ocorrido e o futuro nos enchem de tristeza e ansiedade, a chave é nos posicionarmos no presente saudável com um projeto de vida. Gerenciar a culpa e o perdão e olhar o futuro com esperança. Modificar os comportamentos dos pacientes terá um impacto positivo em suas sensações. Se faço o que gosto, me sinto bem e, se me sinto bem, penso melhor. Fugir pelo caminho prazeroso, sem obstáculos, sem tropeços, é confortável, mas nos afasta do nosso caminho. E se o verdadeiro problema estiver aí, na falta de um projeto claro? “Aquele que tem um porquê para viver pode enfrentar todos os comos” (Nietzsche).