10 de agosto de 2021, Mariela Carrasco

A família como fator protetor na evolução do TDAH

Síntese do Trabalho Final de Mestrado realizado por Ana Clemente Cortés, aluna dos Mestrados em Dificuldades de Aprendizagem, Psicopedagogia Terapêutica e Educação Especial da UISEP

O que é o déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)? O transtorno por déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade de caráter crônico. Os sintomas de TDAH apresentam repercussões negativas no desenvolvimento cognitivo, pessoal e social, representando uma barreira para a aprendizagem escolar e a adaptação geral do indivíduo ao seu ambiente (Miranda e Soriano, 2010). O presente texto tem como principal objetivo constatar o papel relevante do sistema familiar na evolução satisfatória dos sintomas do TDAH, através de sua participação em programas psicoeducativos que incluem informação sobre o TDAH, técnicas de modificação de conduta, autorregulação e habilidades sociais principalmente.
Como o contexto familiar influencia a evolução dos sintomas do TDAH? O transtorno por déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é o resultado da interação de fatores ambientais de risco e a susceptibilidade de múltiplos genes (Faraone, Perlis, Doyle, Smoller, Holmgren, et al. 2005). Assim, considera-se o ambiente psicossocial como um fator modulador que influencia a forma como os sintomas do transtorno (desatenção, impulsividade e hiperatividade) são compreendidos e geridos pela família, escola e sociedade (Miranda, Grau, Taberner e Roselló, 2007). Pesquisas sobre o TDAH Numerosas pesquisas indicam a influência relevante do contexto familiar no curso do TDAH (Miranda, García e Presentación, 2002). Os pais de crianças com transtorno por déficit de atenção com hiperatividade apresentam altos níveis de estresse, discussões no casal e uma vida social mais limitada (perda de reforçadores) (Roselló, García, Tárraga e Mulas, 2003). O TDAH gera um impacto negativo no sistema familiar, influenciando principalmente uma percepção negativa dos pais em relação aos seus filhos, um aumento no nível de estresse e no uso de estilos educativos autoritários ou permissivos, que reforçam os comportamentos desadaptativos e aumentam o conflito nas relações familiares. Além disso, os pais se percebem incapazes de enfrentar as dificuldades que o TDAH gera na vida familiar. Portanto, constata-se que o TDAH gera um impacto negativo no sistema familiar, mas ao mesmo tempo, os sentimentos e atitudes dos pais podem atuar como um fator de risco na evolução dos sintomas, potencializando sua gravidade e aumentando a probabilidade de aparecimento de transtornos de conduta.
Efeitos da intervenção direcionada às famílias na evolução do TDAH A intervenção direcionada à criança com TDAH, sua família e a escola (multicontextual ou multicomponente) gera um impacto benéfico para a família como um todo. A visão que os pais têm de seu filho torna-se mais positiva, e como consequência, fortalecem-se as relações no sistema familiar. Benefícios da intervenção direcionada às famílias A intervenção direcionada às famílias produz uma redução do nível de estresse nos pais, o que lhes permite, ao mesmo tempo, utilizar diretrizes educativas mais eficazes que têm um efeito benéfico sobre o comportamento da criança com TDAH. Assim, demonstra-se que pais e filhos se influenciam mutuamente. Miranda et al., (2008) concluem que é necessário que os programas de aconselhamento para pais considerem o impacto que o TDAH gera no sistema familiar e os instruam em estratégias para o manejo do estresse, trabalhem de forma concreta suas emoções, a percepção ou atribuições negativas que têm de seu filho e como podem construir um estilo educativo democrático baseado em uma comunicação eficaz. Além disso, também se ensinam e se colocam em prática técnicas de modificação de comportamento, quando e como utilizá-las de forma adequada. Esse tipo de intervenção faz com que os pais aumentem a confiança em si mesmos e em seus filhos.
Conclusões Através da revisão realizada, pode-se confirmar que a família tem um claro efeito modulador na evolução do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Além disso, diferentes pesquisas chegaram à conclusão de que um filho com TDAH tem um impacto negativo em sua família, afetando principalmente as relações entre os membros. Esses efeitos, considerando que em um sistema familiar todos os membros interagem e se influenciam mutuamente, levam a considerar que a intervenção do TDAH deve levar em conta fatores psicossociais, sendo a família o contexto mais estudado. A partir disso, são propostas intervenções multicomponentes, que incluem a criança, a família e a escola, com o objetivo de generalizar os comportamentos no ambiente natural e coordenar esforços para trabalhar na mesma direção. Confirma-se que esses tratamentos têm um efeito positivo na família, diminuindo os níveis de estresse, os sentimentos e a atitude dos pais e melhorando o comportamento dos filhos. No entanto, nesta revisão, não foram encontrados estudos que enfatizem como o uso de diretrizes educativas baseadas no respeito, carinho e firmeza, uma comunicação eficaz e o controle das emoções pelos pais influenciam na evolução dos sintomas do TDAH. É muito importante continuar trabalhando nessa linha, levando em conta as limitações de outros estudos realizados (tamanho da amostra, subtipos de TDAH, idade, participação de ambos os progenitores no estudo etc.). Além disso, seria crucial investigar a família como um fator de proteção no curso do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Por outro lado, há poucos estudos realizados sobre o estilo de apego e o TDAH, e os resultados obtidos até o momento relacionam um apego inseguro com o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. O objetivo de futuros estudos seria observar como os modelos vinculares de apego podem estar implicados nesse transtorno e como afetam a resposta ao tratamento. A partir daí, poderia-se continuar a linha de pesquisa de Santurde e Del Barrio (2013) sobre como intervir no fomento do apego. Lembre-se de que você pode baixar o TFM de Ana Clemente Cortés completo aqui. Se você estiver interessado em obter mais informações sobre o Mestrado em Intervenção em Dificuldades de Aprendizagem da UISEP, não hesite em solicitá-las!
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