10 de agosto de 2021, Mariela Carrasco

As Terapias Artísticas e a Educação

Este artigo apresenta as Terapias Artísticas considerando as possíveis linhas de atuação no campo educativo.

As terapias artísticas implicam uma forma diferente de conceber a saúde e a doença, pois partem de uma concepção holística do ser humano, mais positiva e integral, em linha com a definição da Organização Mundial da Saúde, na qual a doença não é tanto a ausência de saúde, mas a dificuldade ou incapacidade de acessar o próprio potencial dentro do contexto concreto em que a pessoa vive, associado a uma privação de bem-estar físico, mental e social. Em muitos países do mundo, como Estados Unidos e Reino Unido, as terapias artísticas já têm um desenvolvimento significativo como disciplinas científicas e profissionais, sustentadas por suas correspondentes formações universitárias. A escola precisa mudar para responder aos desafios que a sociedade lhe apresenta. A pedagogia atual confirma a necessidade de desenhar modelos educativos multidimensionais que contribuam ao desenvolvimento paralelo de todas as potencialidades do ser humano. Uma educação que aborda ao mesmo tempo dimensões afetivas, procedimentais e interpessoais, que oferecem resultados qualitativamente superiores. Ajudar a desenvolver uma pessoa autorrealizada, como dizia Maslow: uma pessoa saudável, deveria ser o objetivo primordial da escola. A educação deveria integrar as terapias artísticas, entendidas para o desenvolvimento e regulação emocional, base do ser humano, como apoio e ajuda para a saúde mental. A criatividade, a expressão, a arte são um recurso válido de prevenção e intervenção terapêutica na escola e fora dela.  
Objetivos das Terapias Artísticas dentro da escola: Proporcionar um espaço ativo de escuta e diálogo, livre de julgamento. Reduzir a ansiedade e ajudar as crianças a se sentirem mais confortáveis no ambiente escolar. Trabalhar processos cognitivos básicos como a memória e a atenção. Ajudar a criança a organizar suas descrições e narrações. Ajudar as crianças a se expressarem melhor, às vezes, do que se fizessem verbalmente. Expressar sentimentos difíceis de serem verbalizados. Melhorar a autoestima e a confiança. Desenvolver habilidades adaptativas saudáveis. Identificar sentimentos e bloqueios de expressões emocionais e de crescimento. Oferecer novas vias de comunicação. Potencializar a capacidade criativa. Respeitar e promover a livre expressão. Facilitar o autoconhecimento e a reflexão. Fortalecer e reafirmar a identidade e a autoestima.
Um aspecto importante a considerar no âmbito educativo é a contribuição da terapia artística para o crescimento pessoal e o desenvolvimento da personalidade. Educar supõe contribuir para o crescimento pessoal e o desenvolvimento da personalidade. Segundo Romero (2002), liberada das amarras de outras épocas, a psicologia da personalidade cada vez mais atende à dimensão emocional do ser humano e aos processos relacionados com o eu, que parecem desempenhar um papel crucial na integração da personalidade e na regulação do comportamento. Tendo em conta, sobretudo, que a terapia artística é uma disciplina que capacita para a ajuda humana utilizando os meios artísticos, as imagens, o processo criativo e as respostas da pessoa a esses produtos criados. Através do processo criativo, reflete-se sobre o desenvolvimento do indivíduo, seus conflitos pessoais e interesses. É necessário considerar as possibilidades que a terapia artística tem como elemento favorecedor do desenvolvimento integral do aluno, para fomentar seu uso na escola. Sua prática facilitará o trabalho do corpo docente, o clima na escola e, sobretudo, o desenvolvimento do aluno. A sociedade em geral se beneficiará, já que é ela que termina se favorecendo do tipo de pessoas que nela se desenvolvem, e a escola e o corpo docente terão na terapia artística uma ajuda para criar uma escola humanista onde se recria a cultura e se formam pessoas saudáveis, conscientes, criativas e livres. E, portanto, um lugar onde se pode viver e conviver assim. Sobretudo, o aluno será beneficiado, pois, se a escola adotar a prática da terapia artística como habitual, poderá dispor de outros meios para se desenvolver, ajustados aos seus interesses e necessidades. A integração da terapia artística no sistema educativo deve ser a tarefa do século XIX para os terapeutas artísticos. As terapias artísticas têm uma dimensão muito ampla quanto à influência que podem ter no ser humano em todos os âmbitos que abrangem: cultural, histórico, estético, educativo, intelectual, criativo, antropológico, e se poderiam buscar muitas mais conexões, mas minha intenção é centrar-me na sua capacidade de comunicar, expressar e, portanto, “emocionar”. As terapias artísticas são a linguagem das emoções, “a arte é a expressão emocional da personalidade”. A escola deveria ter o eixo central no jogo, na criação e na arte para que os alunos de forma natural aprendessem e se relacionassem com os demais. Por isso, as terapias artísticas são uma forma de intervenção que cobre esses três elementos citados que servem para o desenvolvimento do indivíduo a nível pessoal e social. O desenvolvimento das competências emocionais dentro da escola deve ser o objetivo principal a ser tratado através das terapias artísticas, logrando uma identidade integrada para a criança corpo, afeto, mente. O desenvolvimento das competências emocionais se concebe como um processo educativo, contínuo e permanente, que pretende potenciar o desenvolvimento das competências emocionais como o elemento essencial do desenvolvimento integral das pessoas, com o objetivo de capacitá-las para a vida. Tudo isso tem como finalidade aumentar o bem-estar pessoal e social. É, portanto, uma educação para a vida, o que supõe um processo contínuo e permanente que deve estar ao longo de todo o currículo acadêmico e na formação permanente de todo indivíduo. Mediante o aprendizado das competências emocionais, os alunos não apenas ampliam seu vocabulário emocional, mas aprendem a empregar estratégias de enfrentamento diante de situações emocionalmente difíceis, alcançando o autocontrole emocional, de modo que manejem adequadamente as emoções e impulsos conflitivos (Vallés, 2000). Os objetivos que se perseguem com a implementação de competências emocionais através das terapias artísticas na escola seriam os seguintes: Detectar casos de pobre desempenho na área emocional. Conhecer quais são as emoções e reconhecê-las nos outros. Classificá-las: sentimentos, estados de ânimo. Modular e gerir a emocionalidade. Desenvolver a tolerância às frustrações diárias. Prevenir o consumo de drogas e outras condutas de risco. Desenvolver a resiliência. Adotar uma atitude positiva perante a vida. Prevenir conflitos interpessoais. Melhorar a qualidade de vida escolar. Ajudar as crianças a desenvolver habilidades emocionais afetará de maneira positiva sua idade e bem-estar a longo prazo. Deve-se tentar educar emocionalmente as crianças nas escolas com o fim de potenciar seu desenvolvimento integral, e isso pode ser possível através da integração das terapias artísticas no sistema educativo.
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