22 de julho de 2021, Mariela Carrasco

A psicologia do futebol

Uma equipe de futebol não é composta por 11 jogadores, mas por 12, e não estamos falando do treinador, mas da psicologia que se manifesta claramente em campo e que, na maioria dos casos, é responsável por definir a partida a favor ou contra.

Uma equipe de futebol não é composta por 11 jogadores, mas por 12, e não estamos falando do treinador, mas da psicologia que se manifesta claramente em campo e que, na maioria dos casos, é responsável por definir a partida a favor ou contra. É indiscutível que o aspecto físico é o que mais pesa e se visualiza no futebol, senão qual seria a razão pela qual um jogador como Cristiano Ronaldo pode saltar quase 3 metros para tentar fazer um gol ou que os jogadores, em média, corram 12 quilômetros por partida? Certo. A força e destreza física são as mais visíveis, mas estas se apoiam sobre um pilar que, apesar de não ser visto a olho nu, delineia cada jogada, gesto e atitude do jogador: o psicológico. Só imagine a pressão, os nervos e a adrenalina que um jogador de futebol pode sentir no meio de um campo sendo observado por milhões de pessoas. O jogo também é mental. Recentemente, após um ano em que todo evento esportivo foi suspenso devido à pandemia, voltamos a assistir virtual e presencialmente aos torneios esportivos. A lista começa a crescer: Eurocopa, Copa América, as Olimpíadas, o Tour de France e a Copa Wimbledon, para mencionar alguns dos que este ano nos proporcionaram um entretenimento saudável e muito esperado. Neste terreno de jogo, a psicologia do esporte faz sua aparição para nos falar de resiliência, autodisciplina, motivação, concentração e outros aspectos que, assim como na competição, são convenientes ter em mente para a vida, pois, no final, a vida é isso: um jogo que deve ser levado a sério. Vamos, então, nos aprofundar na psicologia do futebol e conhecer outra área de incidência da disciplina de destaque da Universidade ISEP: a psicologia. Qual é o objetivo da psicologia do futebol? Quando se fala de psicologia esportiva, refere-se ao conhecimento e habilidades da psicologia colocadas à disposição do rendimento ótimo e do bem-estar dos atletas. A Associação Americana de Psicologia (APA) reconhece a psicologia aplicada ao esporte como uma competência adquirida após um mestrado ou doutorado. Ou seja, é um estudo e conhecimento especializado. Esta área da psicologia estuda a participação esportiva e os problemas sistêmicos associados às organizações esportivas e às disciplinas esportivas. O objetivo é ajudar atletas de diferentes níveis, idades e até mesmo seus treinadores, pais e administradores a gerir as emoções e o comportamento associados ao bom desempenho esportivo. A psicologia do futebol é a psicologia esportiva centrada unicamente neste esporte: é o trabalho grupal e individual aplicado ao jogador de futebol para o desenvolvimento da atenção, foco, energia e confiança. Ao mesmo tempo, são fornecidas ferramentas para vencer o medo, os erros e as limitações mentais que fazem um jogador retroceder. VER Olimpíadas escolares como estratégia pedagógica Aspectos que o psicólogo estuda em uma equipe de futebol: A APA enumera três aspectos nos quais a psicologia do futebol tem cabimento: Treinamento de habilidades cognitivas e comportamentais para melhorar o desempenho: Incentivar o espírito esportivo, a competição e a cooperação, habilidades de liderança, estabelecimento de metas, definição de estratégias e planejamento do rendimento e do jogo, controle da atenção, autodisciplina, concentração, amor próprio e confiança em si mesmo, trabalhar a autoestima e a competência, técnicas de autorregulação cognitivo-comportamental, gestão das emoções. Aconselhamento e intervenções clínicas: Sobre treinamento e esgotamento, luto, abuso de substâncias, motivação, gestão da frustração, controle do peso e distúrbios alimentares, transições profissionais, problemas de identidade e orientação sexual, depressão, reabilitação e manejo psicológico de lesões e deficiências. Consultoria e formação: Educação do treinador em aspectos psicológicos, organização do jogo e das equipes, desenvolvimento de talentos, habilidades interpessoais e de liderança, detecção e prevenção de problemas psicológicos nos jogadores de futebol, intervenções mediadas por pais de talentos no futebol. Aspectos psicológicos do jogo A nível psicológico, o futebol é definido como um esporte com oposição e colaboração vinculado ao esforço individual e da equipe contra o esforço de um adversário. O futebol foi classificado metodológica e psicologicamente como um esporte que permite o desenvolvimento das seguintes habilidades: Pensamento tático Concentração e distribuição da atenção Coordenação psicomotora Empatia grupal Controle emocional Controle da ansiedade O apoio ergogênico que o psicólogo fornece no futebol pode ser feito de forma grupal, individual ou como consultoria externa e se concentra em promover uma motivação adequada e atitudes volitivas que reforcem a autoconfiança, reduzam o risco de tomar decisões inadequadas, controlem as tensões próprias da competição, incutam destrezas psicoesportivas básicas da posição no jogo, permitam o conhecimento da personalidade, a compreensão e a unidade dentro da equipe. O treinador O treinador é o estrategista da equipe e sua figura é a do líder que idealiza cada jogada e tática esportiva que vemos em campo. Sua mediação é fundamental para a formação e desenvolvimento dos atletas. Um bom treinador deve ter a capacidade de ganhar o respeito dos jogadores, ter conhecimento da atividade, honestidade e integridade. Durante décadas, os estudos psicológicos feitos a essa figura definiram o treinador como: autoritário e com autoridade, inteligente, mas inflexível, organizado, estável e dominante. Existem duas visões da interação jogador/treinador. Ambas de caráter comportamental: A positiva: recompensa os comportamentos desejados para que se reproduzam com mais frequência. A negativa: que, por meio de críticas e punições, busca reduzir ou eliminar os erros e os comportamentos indesejados dos jogadores. O jogador Ao longo da história do futebol, existem alguns exemplos de bons jogadores que, no entanto, tiveram pouco acerto no manejo psicológico de suas carreiras e lidaram com situações de dependência e saúde mental. Nesse sentido, a psicologia do futebol encontrou certas características comuns presentes nos bons jogadores: amor próprio, responsabilidade diante do treinamento, vida saudável, calma na ação, maior grau intelectual, autoconfiança, capacidade de superar as adversidades, criatividade e autocontrole. O psicólogo realiza um trabalho de preparação emocional e comportamental que busca minimizar características emocionais negativas e, especificamente antes do jogo, reduzir a excitação nervosa. A equipe A implicação e coesão da equipe é uma garantia de sucesso no futebol. O psicólogo poderá detectar prematuramente os jogadores com mais apego e desenvolvimento no grupo e os menos envolvidos e, a partir daí, gerar dinâmicas de integração cujo objetivo seja mostrar as vantagens de trabalhar por um objetivo comum. O estudo da psicologia do futebol é um conhecimento que se desenvolve nos âmbitos da pesquisa científica e acadêmica, desenvolvendo estudos para conhecer o cérebro e a mente dos atores-chave envolvidos: jogadores, treinadores, público. E, por outro lado, uma disciplina que, na prática, busca o maior rendimento e a maior capacidade mental do jogador a favor do triunfo, do jogo bonito e do gol. A atenção é o processo psicológico mais associado ao futebol e ao jogador de futebol e, portanto, ganhou a camisa número 12 dentro da partida. Caso contrário, basta lembrar algum erro derivado da falta de concentração que levou seu time favorito à derrota. Conheça nossa maestria em psicologia clínica infantojuvenil
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